quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Sobre a origem do pensamento político – Parte I


O ser humano precisa ser educado para a convivência, pois na medida em que vive, convive. Viver e conviver é existir. Por sua vez, existir é partilhar com o outro as diferenças, os desejos, as virtudes e as semelhanças. É através do enlace existencial – entre eu e o outro – que o existir se faz vivência. Por isso, cada homem precisa ser educado e despertar em si o inteligível. É através do inteligível que ele supera as diferenças, consolida as semelhanças, e cria um ambiente favorável para o surgimento da comunidade, o espaço comum de convivência.

Para os gregos, a educação, desde os primórdios, teve valor inestimável. Na obra Paideia, Jaeger escreve: “O Helenismo ocupa uma posição singular. A Grécia representa, em face dos grandes povos do Oriente, um ‘progresso’ fundamental, um novo ‘estágio’ em tudo o que se refere à vida dos homens na comunidade. Esta fundamenta-se em princípios completamente novos. Por mais elevadas que julguemos as realizações artísticas, religiosas e políticas dos povos anteriores, a história daquilo a que podemos com plena consciência chamar cultura só começa com os gregos”. É com eles que a educação vai atuar sobre o homem e proporcionar a devida formação humana.

É com o surgimento dos poemas homéricos, Ilíada e Odisseia, entre o século X e  VIII a.C. que a história da formação humana tem início na Grécia de Homero. Para ele, o conceito de “Arete” assume função preponderante na formação do homem grego. Não temos na língua portuguesa um equivalente exato para este termo. Ele é problemático e de difícil entendimento, até mesmo para os gregos.

“Arete” é um princípio que designa a excelência humana e precisa ir além da virtude como mero conceito ético/moral. Visa despertar, em cada homem, elevada autoestima, conduta cortês e distinta e, também, aniquilar o individualismo. O princípio espiritual dos gregos não é o individualismo, e sim o “humanismo”. Por isso, o conceito de “Arete” surge e se firma no seio do povo grego, quando pela educação como processo histórico, eles assimilam os valores humanos e negam o individualismo.

Para os gregos, o fim último da educação era – pela paideia – dispor ao homem grego acesso à sua humanitas. No entanto, sabe-se que o desejo grego de consolidar no homem a sua natureza humana se inviabiliza, à medida que o seu agir, guiado pelo imperativo dos instintos – predominância do ente sobre o ser – se configura na cronologia amarga do tempo vivido.

Hoje sentimos os efeitos deste influxo existencial, justificado pela dificuldade em superar o egocentrismo predominante no comportamento humano do nosso tempo. O ideal grego ainda não foi alcançado.

2 comentários:

Unknown disse...

Oi amigo, lendo teus textos me reportei as nossas aulas de Filosofia, bons encontros e linda aprendizagem sem falar na excelente companhia dos amigos Ciro e Rejane.
Muito obrigado pela oportunidade que tivemos de conviver contigo.
Abração.

João Alberto Acunha Tissot disse...

Eu que agradeço pela oportunidade de aprendizagem que tivemos. Abraço!